Monday, November 28, 2005

à noite (segunda prancha)


Guião:
O rio continua a correr, sei-o, porque a lua lhe vai dando pequenos beijos que brilham. Com a ponta do cigarro, acendi outro. Sempre a fumar.
Aliás, o que tem sido a minha vida até aqui? Fumar, beber e pagar para ter uns minutos de prazer. Acender um charro, passeando na noite uma luz cor de fogo, queimando a solidão, sentir uma alegria transbordante, por atravessar as ruas da cidade, sem a polícia me apanhar.
Encharcar o corpo e a memória em cerveja e desabafar.
Escarrar tudo e todos os que me estão atravessados na garganta, filosofando sobre coisas, que às vezes, também são incompreensíveis para mim.
E essas gajas, onde morre o meu desejo, de um dia ter alguém que gostasse de mim, alguém a quem amar...

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